Marcelo Barcelo Gomes
Resumo:
Objetivou-se com o presente experimento avaliar combinações de dois intervalos de pastejo intermitente, correspondentes ao período de tempo necessário para que o dossel atingisse as alturas de 25 e 35 cm e duas doses de aplicação de nitrogênio (50 e 200 kg N/ha/ano) sobre a estrutura do dossel, interceptação de luz e produção de forragem em pastos de capim-marandu. O experimento foi conduzido no IZ - Instituto de Zootecnia, situado no Município de Nova Odessa, SP. Os tratamentos denominados pela relação altura/dose de nitrogênio 25/50, 25/200, 35/50 e 35/200 foram alocados às unidades experimentais constituídas por conjuntos de seis piquetes de 0,5 ha cada segundo um arranjo fatorial 2 x 2 (duas alturas e duas doses de N) em delineamento de blocos completos casualizados, com quatro repetições, totalizando a área de 48 ha. Foram avaliadas as variáveis número de ciclo pastejo, dias de ocupação, dias de descanso, interceptação de luz, área da folhagem, ângulo da folhagem, massa de forragem em matéria seca (MS), relação folha:haste, distribuição espacial dos componentes morfológicos ao longo do perfil vertical dos pastos, densidade volumétrica da forragem total e dos componentes morfológicos e taxa de acúmulo de forragem. Os dados foram analisados em parcela subsubdividida em modelo misto, considerando como efeito aleatório o bloco e os erros associados a cada parcela. Na parcela considerou-se o efeito da época (verão I – período de dezembro de 2009 a janeiro de 2010 e verão II – período de fevereiro a março de 2010) e do bloco, na subparcela o efeito da altura e das interações e na subsubparcela o efeito da dose de nitrogênio e das interações. As médias foram estimadas pelo método dos mínimos quadrados com a comparação dos tratamentos pelo teste “t” de “Student” usando o programa SAS v.9.0 a 5% de significância. Houve maior número de ciclos de pastejo (1,82) no tratamento 25/200. Houve efeito de altura e dose de N sobre as variáveis dias de ocupação (sete dias para o tratamento 25/200) e dias de descanso (34 e 36 dias para altura 25 cm e dose 200 kg de N/ha, respectivamente). Houve efeito de altura e dose de N para a interceptação luminosa (96,03 e 98,10% para as alturas de 25 e 35 e 96,62 e 97,51% para as doses de 50 e 200 kg de N/ha, respectivamente). Houve efeito da interação época x altura x dose de N, sendo que os tratamentos 35/50 e 35/200 apresentaram os maiores valores de índice de área de folhagem (IAFolhagem) tanto na época verão I quanto na época verão II. Observou-se, sobre o ângulo da folhagem, efeito da época (41,77 e 44,91º para a época verão I e verão II, respectivamente) e da interação altura x dose de N (sendo observado menor valor - 41,78° - para o tratamento 35/50). Houve efeito da altura sobre a massa de forragem em pré-pastejo que, apresentou maiores valores de massa de forragem total (12356 kg de MS/ha), massa de forragem de folha (4668,76 kg de MS/ha) e massa de forragem de haste (3553,69 kg de MS/ha) para a altura de 35 cm. Houve efeito de época (1,66 e 1,30 para época verão I e verão II) e da altura (1,61 e 1,35 para 25 e 35 cm) sobre a relação folha:haste. Houve efeito de dose de N sobre a matéria seca total em pós-pastejo, sendo que a dose de 200 kg de N/ha apresentou maior valor (8103,58 kg MS/ha). A massa de forragem de folha em pós-pastejo foi afetada pela altura (1141, 87 e 669,14 kg de MS/ha para 25 e 35 cm) e pela interação época x dose de N apresentando diferença entre as épocas verão I e verão II para a dose de 50 kg de N/ha (709,71 e 1076,10 kg de MS/ha para época verão I e verão II). A massa de forragem de haste em pós-pastejo foi afetada pela interação época x altura apresentando diferença entre as alturas de 25 e 35 cm na época I (1730,67 e 2372,04 kg de MS/ha para 25 e 35 cm) e aumento do valor entre a época verão I e verão II para a altura de 25 cm (1730,67 para 2340,10 kg de MS/ha). A massa de forragem de material morto em pós-pastejo foi afetada pela altura (4114,36 e 4936,97 kg de MS/ha para 25 e 35 cm) e pela interação época x dose de N havendo variação entre a dose de 50 kg de N/ha as épocas verão I e verão II (5015,49 e 3654,76 kg de MS/ha para época verão I e verão II) e entre as doses de N na época verão II (3654,76 e 4541,94 kg de MS/ha para 50 e 200 kg/ha). A relação folha:haste em pós-pastejo foi afetada pela interação época x dose de N x altura, apresentando maiores valores para os tratamentos 25/50 e 25/200. A estrutura do dossel na condição de pré-pastejo apresentou cerca de 50% de sua porção superior composta por lâminas foliares independentemente da época do ano e do tratamento. A densidade volumétrica total foi afetada pela interação época x dose de N x altura, apresentando maiores valores durante a época verão I. A densidade volumétrica de folha foi afetada pela interação época x dose x altura apresentando variação entre as épocas verão I e verão II. Não houve efeito de época, dose de N e altura sobre a taxa de acúmulo total de forragem. É recomendada a estratégia de pastejo com altura de entrada de 25 cm combinada com adubação de 200 kg de N/ha para o melhor controle da estrutura dos pastos visando à produção animal.